Diretor da Fenapef denuncia assédio e invisibilidade nas polícias civis da União

Para o dirigente sindical, o modelo hierárquico das polícias brasileiras se transformou em um sistema de assédio institucionalizado, que naturaliza a desigualdade

Fonte: Comunicação Fenapef

Data: 14/10/25

Durante audiência pública que discutiu os reflexos da PEC 18/2025 na saúde mental dos profissionais da área, realizada nesta terça-feira (14), na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, o diretor da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Flávio Werneck, fez um duro diagnóstico sobre o funcionamento das instituições policiais no Brasil.

Segundo ele, a maior parte do contingente que atua nas forças civis da União segue invisível, enquanto uma pequena parcela, beneficiada pela estrutura hierárquica herdada da ditadura, mantém o controle e impede avanços necessários. “A Polícia Federal ainda mantém estruturas da época da ditadura militar, embora estejamos em 2025. É uma polícia com funções modernas, mas estrutura antiga”, criticou Werneck.

Estrutura ultrapassada e assédio institucional

Para o dirigente sindical, o modelo hierárquico das polícias brasileiras se transformou em um sistema de assédio institucionalizado, que naturaliza a desigualdade e sufoca a voz dos profissionais da base. “Nas polícias, a discricionariedade e a hierarquia rígida normalizam o assédio moral como prática organizacional. Trata-se de uma violência sutil, porém devastadora”, afirmou.

Segundo Werneck, a hierarquia militarizada, presente mesmo nas corporações civis, impede a ascensão de lideranças legítimas e mantém “chefes impostos, não líderes”, o que enfraquece o serviço prestado à sociedade.

Financiamento desigual da segurança pública

Outro ponto levantado por Werneck foi a falta de orçamento específico para a segurança pública, diferentemente do que ocorre com saúde e educação.

Ele defendeu a criação de novas fontes de financiamento, com maior contribuição de grandes empresas. “A sociedade paga caro e não tem retorno. O trabalhador da segurança não tem voz nem valorização. É hora de discutir de forma honesta quem deve financiar a estrutura que protege o país”, concluiu.

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