Boudens: “unificar cargos de investigador e escrivão em Minas pode gerar uma avalanche de modernização em outras polícias”

Para presidente da maior entidade representativa dos policiais federais, atual modelo de estruturação dos cargos policiais é ultrapassada e pouco eficiente

Fonte: Comunicação Fenapef

Data: 20/07/21

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) pode sair na frente e unificar os cargos de investigador e escrivão. Se depender da vontade do atual chefe da corporação, Joaquim Francisco Neto e Silva, a separação dos dois quadros não faz mais sentido. “Não estamos mais na época de Pero Vaz de Caminha”, comentou, defendendo o que chama de “menos burocracia na investigação” e a criação do cargo de “inspetor de polícia”.

O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Antônio Boudens, diz estar torcendo para a efetivação da proposta. Ela deixaria a Polícia Civil mineira numa espécie de vanguarda na implementação de uma proposta já há muito discutida no âmbito das polícias civis (estadual e, principalmente, federal).

“A carreira policial está configurada da mesma maneira desde os tempos do Império. Não faz mais sentido a figura do escrivão que fica sentado na delegacia ou na superintendência, anotando em papel o que lhe é relatado. Precisamos de mais gente na linha de frente, fazendo investigação, solucionando os crimes e dando à sociedade as respostas de que ela precisa”, disse.

Para Boudens, a iniciativa mineira pode se tornar uma “avalanche” e servir como modelo para outros estados e até para a Polícia Federal. “Há anos defendemos a reestruturação e a criação de uma carreira única na Polícia Federal, como, aliás, determina a Constituição”, reforçou. Ele se refere ao artigo 144, que trata da organização da PF e de todas as outras polícias - no caso da PF e da PRF, cada uma delas estruturada em carreira única.

O dirigente da Fenapef disse que diversos sindicatos policiais apoiam a medida e alguns estados já se movimentam para iniciativas similares, como Ceará e Sergipe.

Resposta nas redes

A novidade sobre a unificação de dois cargos policiais surgiu no momento em que o governo de Minas Gerais autorizou a realização de um novo concurso público. A publicação do representante da PCMG anunciava a autorização do governador para um novo concurso público. “É com grande satisfação que recebemos do governador Romeu Zema a autorização para concurso público destinado a 684 novos policiais civis. Já ingressaram na instituição 781 policiais civis nos últimos dois anos e meio. Portanto, o governador Zema viabiliza 1.465 novos policiais civis para reforçar a segurança pública dos mineiros”.

A seleção prevê 684 vagas para os quadros policial e administrativo, sendo 30 para investigador, 397 para escrivão, 62 para delegado, 9 para Médico Legista, 21 para Perito Criminal; 51 para Analista; e 114 para Técnico Assistente.

Um seguidor o questionou acerca da quantidade de oportunidades para investigador e ele defendeu a unificação das carreiras e disse que, assim, haveria “menos burocracia na investigação”.

Unir para valorizar a formação dos escrivães, encorpar as investigações de campo feitas pelos investigadores e garantir a paridade com os aposentados formam um conjunto moderno e seguro de evolução do trabalho policial, defende a Fenapef.

OUTRAS NOTÍCIAS

Estratégia adotada pela Fenapef reitera a transparência das informações financeiras

Fenapef alerta sindicalizados sobre tentativas de golpes

Ação da Proporcionalidade: pedido de vistas pode caracterizar obstrução indevida

Pagamento de diárias é tema de reunião entre representantes da Fenapef e da Polícia Federal