No mês de combate ao assédio moral, volta à tona um tema bastante debatido no primeiro trimestre deste ano: o “Desafio PF 2025”. A iniciativa, em andamento na Polícia Federal (PF), foi amplamente questionada pela Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), que manifestou contrariedade à “gamificação” da produtividade, conforme apregoa o projeto.

Para a Fenapef, aumentar a cobrança por resultados em um ambiente já tensionado pela assimetria de atribuições entre os cargos da carreira, pelo elevado risco inerente às atividades e pelo grau excessivo de responsabilidade nas tarefas executadas, pode incentivar práticas de assédio moral e intensificar ainda mais o adoecimento dos policiais federais.

Segundo o presidente da Fenapef, Marcus Firme, a proposta da PF pode produzir um efeito contrário ao desejado aumento da produtividade, caso correções na iniciativa não sejam adotadas e reformas estruturais não sejam implementadas.

“Se alterações não forem feitas no projeto, corre-se o risco de gerar consequências como a criação de um ambiente tóxico, no qual relações autoritárias imponham uma ênfase excessiva na competição. Essas relações já existem dentro da PF e são alimentadas pela assimetria entre os cargos. Elevar ainda mais a tensão nesse contexto é muito arriscado. Sem o devido equacionamento da questão — uma reestruturação eficaz da carreira —, perpetua-se a prática de desvalorização do policial federal e de toda a importância que ele representa.”

Por isso, a Fenapef permanecerá atenta e combativa frente a proposições que exijam maior desempenho dos policiais federais sem oferecer contrapartidas, melhorias reais na execução das atividades ou correções das distorções que prejudicam a atuação da categoria.

Lutar por isonomia funcional, respeito mútuo e valorização de todas as carreiras policiais é fundamental para que a PF continue sendo referência em excelência para policiais federais e para toda a sociedade.