Valor Econômico destaca nota da Fenapef

Fonte: Valor Econômico

Data: 09/04/21

Polícia Federal — Foto: Agência Brasil

A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) afirmou, em nota, que a Polícia Federal é um órgão de Estado, não de governo. A manifestação acontece um dia depois de o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, trocar o comando da corporação. No texto, a entidade classificou como "natural" a mudança, já que houve a escolha de um novo ministro, a qual o órgão é subordinado.

Internamente, porém, a alteração surpreendeu integrantes da PF e trouxe preocupação com a imagem de independência da instituição. De maneira geral, o novo diretor-geral é apontado como um quadro mais político do que técnico, por ter feito carreira fora da PF e não ter ocupado nem um cargo de destaque na instituição nos últimos anos.

A Fenapef também afirmou que a indicação Paulo Maiurino para o cargo do diretor-geral da PF representa um "resgate" ao respeito à antiguidade no cargo, já que ele tomou posse na instituição em 1998. O antecessor, Rolando Souza, era mais jovem, o que gerava críticas dentro da corporação.

"A questão da antiguidade do novo diretor-geral (tomou posse em 1998) representa o resgate dessa lógica no comando da corporação e também traz boa expectativa em áreas estratégicas, como Interpol e investigações contra a corrupção. Se, por um lado ele ficou muito tempo fora da PF, por outro ele resgata o padrão de experiência e tempo de polícia exigidos para ocupar essa importante função", diz o texto.

A nota também reforça o que a categoria entende como os três pontos essenciais a serem seguidos pela nova direção: que a Polícia Federal é polícia de Estado, não de governo; que é preciso investir no combate incessante à corrupção; e que o mais importante patrimônio da corporação é o seu componente humano.

"A Federação Nacional dos Policiais Federais não se furtará à defesa intransigente de todos os policiais federais e da melhoria e independência das investigações no nosso país. Também seguirá na defesa dos interesses da categoria e de todos os integrantes das forças de segurança civis do País, que já foram duramente afetados por reformas anteriores e se veem agora ameaçados pela proposta de Reforma Administrativa", disse a entidade.

A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) também cobrou de Maiurino "comprometimento com uma gestão técnica, zelando pela atuação independente e republicana da PF, de forma a manter-se como instituição sólida e de Estado".

Mais cedo, outras duas entidades, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) e a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol), também se manifestaram sobre a mudança.

Na nota, os delegados afirmaram esperar que a gestão de Maiurino à frente da Polícia Federal deixe "como legado uma efetiva atuação que consolide a valorização da instituição e de seus profissionais". "Paradoxalmente, tais servidores se sentem hoje abandonados pelo Governo Federal, em momento de emergência de saúde pública nacional, diante de reformas constitucionais que injustamente lhes retiram direitos e ameaçam a continuidade da Polícia Federal como órgão forte e capaz de executar suas funções constitucionais", diz o texto.

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