Presidente de cooperativas no AP é preso suspeito de desviar dinheiro da merenda escolar
Data: 18/12/17
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta sexta-feira (15) a segunda fase da operação “Senhores da Fome”, que investiga desvio de recursos da merenda escolar no Amapá. O presidente da Organização de Cooperativas do Amapá (OCB), Gilcimar Pureza, foi preso como suspeito de exercer influência sobre a empresa Agrocop, investigada pela não entrega de alimentos.
Foram cumpridos um mandado de prisão preventiva, três mandados de condução coercitiva e três mandados de busca e apreensão, em Macapá. O presidente teria ainda ameaçado membros da empresa para que não informassem sobre o esquema e não colaborassem com as investigações da operação, segundo a PF.
Durante a prisão, o presidente negou que exista um esquema de desvio de recursos. "Estou sendo preso porque faço a defesa das coorperativas do Amapá, dos interesses e dos negócios. Não existe esquema de desvio de dinheiro e vou provar", disse.
O G1 tenta contato com a empresa Agrocop, citada nas investigações da PF.
Em nota, a OCB informou que desde o início tem contribuido com as investigações da Operação da Polícia Federal e que enviou um documento no dia 6 de novembro de 2017 se colocando à disposição para prestar qualquer tipo de esclarecimento e entregar a documentação necessária que estivesse em posse da entidade.
"Na manhã desta sexta-feira, 15, a Polícia Federal esteve nas dependências do Sistema para solicitar a documentação da referida Cooperativa investigada. O presidente Gilcimar Pureza, que tem contribuido diretamente nas investigações, presta esclarecimentos neste momento e soma junto ao trabalho da PF", diz a nota.
Também estão sendo investigados membros do conselho fiscal da empresa, que segundo a polícia, não tinham conhecimento do esquema, mas constavam no quadro apenas para dar aparência de legalidade no empreendimento. Todos os investigados irão responder, por crimes de organização criminosa e obstrução de justiça.
A primeira fase da operação foi deflagrada no dia 31 de outubro e apurou a suposta atuação dos empresários, diretores de escolas e servidores da Secretaria de Educação do Amapá (Seed) no esquema de corrupção que teria desviado cerca de R$ 2 milhões dos cofres públicos.
A ex-secretária de Educação do estado Conceição Corrêa Medeiros foi alvo de mandado de condução coercitiva, quando o suspeito é obrigado a ir depor à polícia. A operação da PF contou com a participação do Ministério Público Federal, do Ministério Público do Amapá, da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU).
Os suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção poderão responder na Justiça pelos crimes de peculato (irregularidades cometidas por servidor público), associação criminosa e falsidade ideológica.
Os investigadores apontam que o suposto esquema de corrupção deixou, pelo menos, 52 escolas públicas de Macapá sem alimentos da agricultura familiar. Ainda conforme a PF, no início de 2016, vários diretores assinaram o termo de recebimento dos alimentos sem que tivessem sido entregues às instituições de ensino. Parte das falsas entregas teriam sido feitas no período de férias escolares.
Fonte: G1