Garimpo ilegal de areia rendeu aos criminosos R$ 20 bilhões somente em 2024
Relatório de especialista em Crimes Ambientais mostra o faturamento da extração ilegal de areia, com cálculos por estado e em âmbito internacional
Fonte: dw.com
Data: 29/09/25

Fonte: dw.com
A extração ilegal de areia tem avançado continuamente no país. Somente em 2024, essa prática rendeu aos criminosos R$ 20 bilhões, contra R$ 9 bilhões em 2015. Os dados são do relatório intitulado “A Extração Ilegal de Areia no Brasil e no Mundo – 2024”, elaborado pelo agente de Polícia Federal aposentado e especialista em Crimes de Mineração, Luís Fernando Ramadon.
A pesquisa apresenta o faturamento da extração ilegal de areia, com cálculos nacionais, discriminados por estado e também em nível internacional.
O documento aponta ainda que o índice de ilegalidade na utilização de areia é hoje de 58% no Brasil. Em certos estados do Nordeste, a porcentagem ultrapassa os 90%. Além disso, estima-se uma perda de arrecadação fiscal de R$ 370 milhões ao ano.
A alta lucratividade, somada às fraudes na comercialização, dificulta o combate ao crime. Muitas vezes, a matéria-prima extraída ilegalmente é misturada com material legalizado, o que garante a circulação com nota fiscal e funciona como uma espécie de “lavagem” do recurso ilícito.
Entre os mais consumidos
A areia é o segundo recurso natural mais consumido no mundo, perdendo apenas para a água. É amplamente utilizada na fabricação de vidros, asfalto e em edificações, sendo este último o destino mais comum no Brasil.
Cabe ressaltar que a areia das praias não é a mais adequada. A extração concentra-se em rios e, no caso da Amazônia, nos amplos areais formados na região. Apesar de ocorrer em menor escala, há também extração nas praias brasileiras, destinada especialmente a fins industriais, como a produção de vidros.
Impactos
No Brasil, onde grande parte da matéria-prima é utilizada na construção civil, a extração ilegal representa graves riscos ao meio ambiente. O problema é agravado pela utilização indiscriminada de dragas, frequentemente alvos de apreensões pelas autoridades.
Essas máquinas facilitam a retirada de minerais submersos, amplamente utilizadas também no garimpo de ouro, removendo a camada de areia do leito dos rios. Em operações legais, costuma haver a restauração das áreas afetadas, cuidado que raramente ocorre nas atividades clandestinas.
A íntegra do relatório pode ser acessada aqui.