III Congresso de Mulheres na Polícia tem apoio da Federação Nacional dos Policiais Federais

Evento vai reunir, em João Pessoa, representantes de todas as forças de segurança para debater nuances da presença feminina nas corporações

Data: 22/07/21

Como as mulheres se inserem na lógica das estruturas de segurança pública? E como as diversas forças de segurança acolhem e interagem com a presença da mulher? Essas e muitas outras questões estarão em debate no III Congresso Brasileiro de Mulheres na Polícia. A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) apoia o evento, que será realizado entre os dias 27 e 28 de agosto em João Pessoa na Paraíba. Por conta da pandemia, será possível participar de forma presencial ou virtual.

O presidente da Fenapef, Luís Antônio Boudens, destaca a importância do evento e diz que a entidade sempre foi parceira da maior participação de mulheres, tanto na corporação quanto nas representações sindicais. “O Congresso sela parceria importante no momento em que estamos implementando a Diretoria da Mulher em nossa estrutura”, enfatiza.

Entre as palestrantes, se destacam três policiais federais. A presidente do Sindicato dos Policiais Federais em São Paulo (Sinpf-SP), Susanna do Val Moore, a escrivã Cláudia Horchel e a agente Daniela de Almeida. As três têm larga vivência como profissionais de segurança pública. Estão na Polícia Federal há tempo mais que suficiente para conhecer a realidade e os problemas de ser profissional, líder e mulher. Tudo ao mesmo tempo.

Susanna lidera uma das maiores estruturas sindicais do País e, em entrevistas e artigos publicados pela mídia, costuma defender a modernização da segurança pública brasileira. Segundo ela, o atraso do modelo prejudica a eficiência e os resultados da investigação.

Cláudia Horchel está na Polícia Federal há 14 anos e atuou em operações de combate à corrupção e crimes financeiros. Atualmente, cursa mestrado em ciências jurídicas e policiais em uma universidade portuguesa. Ela considera que a atuação da policial feminina é muito recente nas forças de segurança. “Se olharmos apenas para uma geração anterior à nossa, a de nossas mães por exemplo, enxergamos que não havia mulheres nas forças de segurança de modo geral. Não se via policiais femininas, mulheres nas forças armadas e qualquer outra força policial, por melhor e mais competentes que pudessem se firmar diante dos demais candidatos. Simplesmente as mulheres eram proibidas de participar do concurso público, do processo seletivo, não abria vaga em edital”, reforça.

“Historicamente, as mulheres foram ensinadas a ocupar os espaços privados, como o de fazer as tarefas domésticas e o de cuidar dos filhos, enquanto o espaço público era destinado aos homens. Quando o assunto é segurança pública, esse contraste se torna mais evidente”, reforça Daniela de Almeida, que é policial federal desde 2003.

Troca e pluralidade

Para Horchel, a reunião dessas mulheres no III Congresso Brasileiro Sobre Mulheres na Polícia traz inúmeros ganhos para a segurança pública, no serviço e na proteção da população. “Oportuniza trocar experiências investigativas e operacionais a partir das observações dos modelos de sucesso por elas trazidos e principalmente no mesmo contexto de dificuldade: como alcançaram resultados de sucesso sendo a minoria e ainda dentro de instituições ainda muito masculinizadas”, questiona.

O encontro, ainda segundo a escrivã, é um espaço que traz em debate também as disparidades legislativas que não unificam os direitos das mulheres nos órgãos de segurança pública, mas que já são consolidados há anos na iniciativa privada, deixando a policial em posição de vulnerabilidade diante das decisões de cada comando e normativo interno.

“A construção de uma sociedade igualitária também depende de que os órgãos de segurança pública respeitem e compreendam as mulheres em seus ambientes de trabalho”, avalia Daniela de Almeida. Para ela, nada melhor que troca de ideias para promover igualdade, especialmente se essa troca vem “de quem sente na pele a desigualdade, a discriminação, e a injustiça relacionada ao gênero em nossa sociedade, que ainda persiste em ser, na essência e, sobretudo, na prática, extremamente machista”.

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