Polícia Federal: trabalho e expectativas

Data: 20/04/16

sally 1No dia 28 de março, a Polícia Federal completou 72 anos de existência. Para conhecer mais sobre a carreira e quais as reivindicações dos servidores deste importante órgão da Segurança Pública, entrevistamos o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Federal no Estado de São Paulo (Sindpolf/SP), Alexandre Santana Sally, agente de Polícia Federal, formado em Direito com duas pós-graduações, em Direito Penal e Empresarial. Começou sua carreira como representante da categoria dos policiais federais em 2008 como diretor jurídico da entidade. Foi eleito presidente em 2010 e reeleito em 2013, atuando em seu segundo mandato. Em 2012, liderou no Estado de São Paulo a maior greve na história da Polícia Federal, com duração de 70 dias. De 2013 a 2015, trabalhou ainda como diretor parlamentar da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), entidade que representa 27 sindicatos policiais de todo o país.

Confira a entrevista que aborda aspectos atuais de interesse dos policiais federais:

Dr. Sally como analisa o reconhecimento da população com o trabalho da Polícia Federal?

É extremamente gratificante esse reconhecimento. A Polícia Federal tem em seus quadros servidores Policiais e Administrativos que desempenham com total afinco e desprendimento suas funções. É importante a popula- ção poder ver o fruto do trabalho dos Agentes, Escrivães e Papiloscopistas, que arriscam a vida e o bem-estar para trazer resultados satisfató- rios no combate à criminalidade. Hoje, a Polícia Federal alcançou o status de órgão com maior credibilidade e respeito por parte da população, em relação aos demais setores do Governo.

As ações da Polícia Federal, que estão expostas pela imprensa fortalecem a categoria?

Sem dúvida. Muito do trabalho da Polícia Federal é fruto de meses e até anos de investigação. A PF trabalha silenciosamente, nas investigações de campo e de análise de dados, fruto do trabalho de Agentes, Escrivães e Papiloscopistas, que termina desencadeando nas operações de vulto que são mostradas pela mídia. Como normalmente são trabalhos de enorme alcance e envolvendo, muitas vezes, pessoas importantes na sociedade em geral, essa exposição pela imprensa do resultado desses trabalhos fortalecem a categoria e a instituição.

Quais as reivindicações dos policiais federais que são lutas do Sindicato?

A busca pela Carreira Única, Ciclo Completo de Polícia, Meritocracia e fim do Assédio Moral violento. Tramita no Congresso Nacional a Proposta de Emenda Constitucional nº 361, que reformula toda a estrutura do Departamento de Polícia Federal contemplando a maioria desses pleitos. Ela prevê uma única forma de ingresso na PF, e adota a Meritocracia como forma de progressão dentro da Carreira. Corrige uma distorção histórica e busca reconhecer o trabalho de Policiais mais antigos, ocupando postos condizentes com suas experiências. Você considera adequado que um Policial com 25 anos de experiência seja comandado por um inexperiente policial recém-ingresso na Carreira ou ainda que sua experiência seja relegada a segundo plano e esse servidor colocado à margem das investigações e trabalho de campo...

Qual o número de servidores da Polícia Federal? E seria necessário uma reposição do quadro?

O quadro de servidores da Polícia Federal é extremamente reduzido para a quantidade de atribuições que possuímos. O ideal seria triplicarmos o atual número de Policiais e Administrativos. A população tem a falsa sensação de que a cada concurso a quantidade de Policiais aumenta, mas enganam-se, pois o concurso apenas repõe as vagas que foram abertas em razão de aposentadoria, exoneração, demissão, falecimento, mas não se está criando vaga. Na verdade, não está aumentando a quantidade de servidores, mas somente mantendo. A maior carência é de servidores administrativos, e o cargo que está bem inchado no Departamento é o de Delegado. Concurso para Delegado é totalmente antiproducente e desnecessário.

Quais as principais dificuldades dos policiais federais na execução de suas tarefas?

A gestão inadequada. A falta de planejamento considerando a aptidão de cada Policial dentro da área da investigação. O desvio de função, priorizando policiais para setores meramente administrativos. O Assédio Moral violentíssimo na forma de perseguições ao servidor, dentro do órgão, chegando ao absurdo, por exemplo, em meu caso, ser punido com 10 (dez) dias de suspensão por conceder entrevistas, na qualidade de Presidente do Sindicato dos PFs e, inclusive, por palestra que não aconteceu! Instauração de Inquérito Policial por uma das entrevistas, que terminou arquivado pelo Judiciário que acolheu o pedido do Ministério Público para arquivamento por absoluta falta de justa causa! Implementação da Ditadura!

A polícia federal possui autonomia?

As investigações da PF já gozam de autonomia. Veja a Lava Jato. Chegou a onde chegou por conta da autonomia que possuímos. Existe uma PEC tramitando sob o nome de “autonomia”, mas que na verdade é uma cortina de fumaça para implementação de superpoderes e supersalários para um determinado cargo dentro do DPF. A autonomia que o DPF precisa é administrativa e orçamentária, jamais a funcional. Essa autonomia pode criar um poder armado sem limites que poderá afrontar até o judiciário e que, na verdade, está ressuscitando a famigerada PEC 37, derrubada pelos gritos nas ruas nas manifestações de 2013.

Sobre o Sindpolf/SP

 Fundado em 1989, representa todos os servidores públicos da Polícia Federal no Estado de São Paulo. Tem aproximadamente 1,2 mil sindicalizados entre agentes, escrivães, papiloscopistas, peritos, administrativos e delegados. A entidade conta também com 15 representações regionais em diversas cidades no Interior e litoral do Estado.

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