PORQUE NÃO VOTAR NA PEC 412/2009

Data: 30/10/17

A Comissão de Constituição Justiça e Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados irá analisar nesta segunda-feira (30) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 412/2009, que prevê a falsa autonomia da Polícia Federal. O projeto é falacioso, uma vez que a PF já possui autonomia suficiente para fomentar as investigações de responsabilidade da instituição. O sucesso da Operação Lava Jato demonstra que a PEC 412 é improfícua e inconstitucional. Porém, o projeto atende aos interesses corporativistas dos delegados federais, que vendem uma ideia utópica à sociedade brasileira, que está extenuada por inúmeros casos de corrupção e confia que o projeto será benéfico ao país. A PEC 412 pretende alterar a redação do primeiro parágrafo do art. 144 da Constituição Federal, que atualmente dispõe:

“§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira”, para: § 1º Lei Complementar organizará a Polícia Federal e prescreverá normas para a sua autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de elaborar sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, com as seguintes funções institucionais:

I – apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

II – prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;

III – exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;

IV – exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.

 Os deputados devem votar CONTRA a PEC 412/2009 porquê:
  • A aprovação da PEC 412 iria provocar um verdadeiro “desmonte” institucional da Polícia Federal, com a retirada da sua natureza jurídica – deixaria de ser um órgão permanente – além de perder a estrutura de carreiras e deixar de ser organizado e mantido pela União. O resultado concederá ao gestor da PF poderes para gerir verbas ilimitadas e fazer modificações administrativas, como normatizar diferentes funções da PF, sem análise prévia do Congresso Nacional;
  • Caso aprovada, a PEC 412 irá gerar uma grave instabilidade institucional na Polícia Federal. A edição da Lei Complementar possui caminhos incertos, sendo que a PF terá que submeter-se à “boa vontade” dos parlamentares, que irão definir como será a estrutura, organização e carreira da PF, que não caminham paralelamente ao trabalho da Polícia Federal;
  • Investigações que já estão em andamento irão ser prejudicadas, uma vez que a nova organização da PF será totalmente imprevisível. Ao deixar de ser “organizada e mantida pela União”, a Polícia Federal ficará desvinculada do Poder Executivo Federal, passando a ser um órgão independente, o qual dará “super poderes” aos delegados, os quais não terão o seu trabalho supervisionado e passarão a agir conforme sua vontade e sem controles;
  • A extinção da prerrogativa de órgão “estruturado em carreira” irá interferir na carreira policial federal, desestabilizando o quadro funcional da PF, com efeitos imprevisíveis;
  • A PEC 412 torna a PF, como força pública de segurança, mais poderosa que as Forças Armadas. A suposta autonomia proposta pelo projeto permite ao delegado decidir quem deve ou não ser investigado. O que irá favorecer os criminosos de “colarinho branco” e alavancar os casos de corrupção;
  • A prerrogativa da Polícia Federal elaborar a própria proposta orçamentária, como prevê a PEC 412, não terá resultados práticos. Propor as receitas necessárias não impede a possibilidade de alteração da proposta pelo Congresso Nacional, na votação da Lei Orçamentária. Em instituições que já funcionam com legislação semelhante, os cortes já ocorrem mediante votação feita no Congresso.
  • O que os delegados pretendem com essa proposta é ampliar os poderes do cargo, já que ocupam de forma exclusiva quase todas as funções de direção da PF. Na prática, a PEC 412 será destinada ao cargo de delegado federal, que passará a ter jurisdição para definir o seu próprio subsídio, gratificações e auxílios, tal como fizeram os defensores públicos quando conquistaram a “autonomia”.
A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), composta por 15 mil sindicalizados em todo o Brasil, é contra a PEC 412/2009, assim como o Ministério Público Federal (MPF), a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) e a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais. Pelo respeito ao trabalho do policial federal e à instituição que trabalha pelo fim da corrupção e uma sociedade mais justa, participe do tuitaço contra a PEC 412/09, que acontecerá nesta segunda-feira (30), a partir do meio dia. Saiba como participar!   Agência Fenapef

OUTRAS NOTÍCIAS

Governo Federal oficializa atuação da PF na segurança presidencial

Encontro com presidente eleito discute estratégias para segurança pública

Justiça Federal condena Jedeão a 41 anos de prisão, provando que...

Fenapef se reúne com GT das Fronteiras em Rondônia