Filhos de Jucá são alvos de operação da Polícia Federal
Data: 02/10/17
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira (28) uma operação em Boa Vista que teve como alvos os filhos do senador Romero Jucá (PMDB-RR), Rodrigo e Marina, e as ex-enteadas Ana Paula e Luciana Surita.
Foram expedidos mandados de busca e condução coercitiva contra todos.
O advogado da família, Antonio Carlos Almeida Castro, o Kakay, afirma que o senador não é investigado.
A Folha apurou que o mandado contra Luciana foi cumprido na casa da mãe dela, a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita.
Os de Ana Paula e Marina foram cumpridos em Brasília. As duas foram levadas para depor na Superintendência da PF na capital federal.
Também foram alvos de condução e buscas Hamilton José Pereira, Elmo Teodoro Ribeiro e Francisco José de Moura Filho, ligados à CMT Engenharia.
Batizada de Operação Anel de Giges, ela apura o desvio de R$ 32 milhões que supostamente tiveram como origem o superfaturamento na aquisição da fazenda Recreio, localizada em Boa Vista, e na construção do empreendimento Vila Jardim, do projeto "Minha Casa, Minha Vida", no bairro Cidade Satélite, também em Boa Vista.
"São investigadas as transações decorrentes da venda da fazenda Recreio para a construção do empreendimento Vila Jardim, bem como pela fiscalização e aprovação do empreendimento na Caixa Econômica Federal", diz a nota da PF.
Ao todo foram cumpridos 17 mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal de Roraima, sendo nove de busca e apreensão e oito de condução coercitiva em Boa Vista, Brasília e Belo Horizonte.
Apenas Rodrigo Jucá não estava em casa durante a operação. Ele aparece em inquéritos envolvendo a Odebrecht.
O delator Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira, foi denunciado com Romero Jucá por supostamente ter ajustado e pago a propina por meio de doação oficial ao filho do senador, candidato a vice-governador de Roraima em 2014.
Rodrigo estava em São Paulo, onde prestou depoimento à PF durante a tarde. Abordado pela Folha, não respondeu às perguntas.
O nome da operação, segundo a PF, foi inspirado na citação existente no segundo livro de "A República", de Platão, no qual é discutido o tema da Justiça.
O Anel de Giges permite ao seu portador que fique invisível e cometa ilícitos sem consequências.
-
PRISÃO
Nas buscas, foram encontrados uma pistola 45 e um fuzil 762, que estavam de posse do marido de Luciana Surita, ex-enteada de Jucá e filha da prefeita de Boa Vista, Teresa Surita.
Ele foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo e foi encaminhado à Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.
"O marido de uma das investigadas estava de posse desse armamento, sem qualquer registro. É um crime que prevê pena de até seis anos de reclusão e é inafiançável", disse o delegado da PFAlan Robson Alexandrino Ramos.
De acordo com o delegado, a Caixa é apontada na operação, pois foram supostas falhas do banco em liberar recursos indevidos que teria possibilitado desvios de R$ 32 milhões para o empreendimento.
A malversação de dinheiro público, na avaliação de Ramos, ocorreu na compra superfaturada da fazenda e na construção da obra.
Segundo ele, no valor de mercado, os terrenos custavam aproximadamente R$ 3,5 milhões. Mas, segundo consta no processo, o imóvel foi vendido por R$ 4,5 milhões.
-- Fonte: Folha de S. Paulo