Fiep entrega troféu Pinheiro de Ouro para força-tarefa da Lava-Jato

Data: 30/05/17

Durante a solenidade que fechou a Semana da Indústria 2017, em Curitiba, a Fiep entregou também o troféu Pinheiro de Ouro. A homenagem foi criada com o objetivo de reconhecer personalidades e instituições que têm uma atuação em prol do desenvolvimento da sociedade paranaense e brasileira. Este ano, receberam a premiação o ex-governador Jayme Canet Junior e o ex-prefeito de Capanema, Marcelino Ampessan. E, pela primeira vez, a Fiep reconheceu também o trabalho de instituições, entregando o troféu à força-tarefa da Operação Lava Jato, composta pela Justiça Federal, Ministério Público Federal, Polícia Federal e Receita Federal.

O presidente da Fiep, Edson Campagnolo, explicou que a homenagem à operação se deve ao fato de sua atuação estar sendo determinante para que o Brasil seja passado a limpo. “O país, antes da Lava Jato, era um. Depois da Lava Jato, será outro. O país vai sobreviver porque a persistência da população brasileira é muito maior do que as maldades que a Lava Jato revelou”, afirmou. Ele ressaltou ainda o fato de não terem sido homenageados apenas os nomes mais conhecidos que estão à frente da operação. “Tínhamos que homenagear toda a força-tarefa, que é marcada pela união das quatro instituições. Se uma dessas peças tivesse faltado, a operação não estaria acontecendo. É uma conexão perfeita”, disse.

Em relação às outras duas personalidades homenageadas com o Pinheiro de Ouro, Campagnolo declarou que eram políticos que tratavam o bem público com responsabilidade. “Ao Jayme Canet Junior fica um agradecimento por um tempo em que a política era diferente, em que o que valia era o esforço e o pé na estrada. O povo e o setor industrial do Paraná agradecem pelo trabalho e honestidade deste homem”, disse. “E o Marcelino Ampessan fazia política com amor, carinho e dedicação, o que é difícil de encontrar nos dias de hoje”, completou.

Lava Jato

Representantes de cada uma das instituições da Lava Jato compareceram à solenidade para receber o troféu Pinheiro de Ouro. Pela Receita Federal estiveram Luiz Bernardi, superintendente do órgão no Paraná, e Roberto Leonel de Oliveira Lima, chefe do escritório de Pesquisa e Investigação. Já a equipe da Polícia Federal foi encabeçada pelo delegado Igor Romário de Paula. A Justiça Federal foi representada por duas servidoras da 13ª Vara Federal, comandada pelo juiz Sergio Moro: Flávia Blanco, diretora de secretaria, e Flávia Rutyna Heidemann, oficial de gabinete. Por fim, a comitiva do Ministério Público Federal foi liderada pelo procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato.

Dallagnol destacou a importância da homenagem. “É um símbolo de que os setores produtivos e, mais do que isso a sociedade, estão contra a corrupção e apoiam a Lava Jato porque estão fartos e querem um Brasil diferente”, disse. Para ele, a operação ainda tem muito a revelar sobre os esquemas de corrupção no país. “A Lava Jato precisa ir até onde os corruptos e corruptores foram. Precisamos atuar sobre todo o espectro da corrupção, revelá-lo, tornar esse diagnóstico escancarado até que as reformas no sistema de Justiça Criminal e no sistema político se tornem inevitáveis”, ressaltou.

Já o delegado Igor Romário de Paula afirmou que o troféu reforça a certeza da Polícia Federal de que está no caminho certo. “Um país forte se faz com instituições fortes. Esse prêmio deixa claro para nós que somos uma instituição forte e reconhecida”, afirmou. “Hoje posso dizer que a Polícia Federal é uma instituição de Estado. Não somos uma instituição de governo A ou governo B. o país está com tantas incertezas do que vai acontecer no futuro, mas tenham certeza de que faremos um trabalho técnico, correto e imparcial como foi feito até agora”, acrescentou.

Jayme Canet Junior

Governador do Paraná entre 1975 a 1979, Jayme Canet Junior sempre detestou a palavra “promessa”. Eleito indiretamente, tratou de legitimar o voto da população com seu mandato. Quando deixou o governo, tinha 86% de aprovação. Uma das frases preferidas de Canet dizia respeito à descentralização. Ele incentivara, na iniciativa privada, a autonomia de seus comandados. Gostava do trabalho harmônico sem pressões. “Se quer economizar, descentralize”, dizia. Isso não o impedia, contudo, de verificar com atenção os gastos do governo.

Canet nasceu em Ourinhos (SP) em 1925, mas mudou-se ainda criança para o Paraná. Seu pai era proprietário de terras e ele logo cedo assumiu a tarefa de administrá-las. Era no interior que gostava de despachar. Conversando com lavradores. Quando veio a geada negra, em meados de 1975, o Paraná perdeu a totalidade de sua safra de café. Homem de compromissos, ele chamou a atenção dos agricultores que se lamentavam em seu entorno. “Chega de lamúrias, vamos sair dessa crise e dessa dependência do café”.

Marcelo Canet, neto do ex-governador, que discursou em agradecimento à homenagem, destacou a seriedade com que seu avô conduziu o Estado. “Ele foi governador do Paraná em tempos difíceis e desafiadores. O legado do governo não está nos 4,1 mil km de rodovias ou nas 6 mil salas de aula construídas, mas no fato de ter liderado o Estado com a mesma dinâmica com que comandava suas empresas”, afirmou. “Hoje, quase 40 anos após o fim de seu governo, ainda recebemos manifestações de carinho. Nos dias de hoje, é importante exaltar um governo enxuto, de hábitos austeros e finanças controladas”, completou.

Marcelino Ampessan

Chegou em Capanema, no Sudoeste do Paraná, em 1958, com um caminhão Alfa Romeu e 1.200 cruzeiros. Vinha do Rio Grande do Sul, onde trabalhava com transporte de madeira entre Erechim, sua terra natal, e Chapecó (SC). Deu o veículo e o dinheiro em troca de uma balsa que fazia a travessia do rio Iguaçu entre Capanema e a Estrada do Colono – caminho que passava pelo Parque Nacional do Iguaçu, criado em 1939.

A proximidade com a população, seu carisma e sua influência o conduziram naturalmente à vida pública. Em 1964 foi convidado pelo grupo de oposição a ser candidato a prefeito de Capanema, sendo eleito com 1.045 votos. Em sua gestão, orgulha-se de ter investido recursos próprios para algumas obras, como a construção do Fórum, sem ter cobrado a devolução do dinheiro. Marcelino sempre deu muito valor à educação e investimentos expressivos foram destinados a este fim em sua gestão à frente da prefeitura. Escolas foram construídas na cidade e na zona rural. Com frequência, o prefeito  viajava a Curitiba para, pessoalmente, buscar material escolar na Secretaria de Educação, que era distribuído a todos os estudantes de Capanema.

Em 1993, voltou ao Executivo municipal como vice-prefeito. Além disso, exerceu seis mandatos como vereador (1983-1988, 1989-1992, 2001-2004, 2005-2008, 2009-2012 e 2013-1016). Em várias dessas ocasiões, exerceu também a presidência da Câmara Municipal. Nem mesmo problemas de saúde interromperam sua carreira política. Manteve-se sempre ativo, seguindo seus ideais e praticando seus valores.  Marcelino Ampessan nasceu 27 de junho de 1931 e faleceu em 23 de fevereiro de 2017, aos 85 anos.

Para Roberto Ampessan, filho do ex-prefeito, a homenagem da Fiep é um grande reconhecimento à trajetória de seu pai. “Este gesto não ficará registrado em uma moldura ou fotografia, mas nas memórias de nossos corações”, disse. “Meu pai tratava a todos com esmero e apreço, e sempre preservou em sua conduta a dignidade, a honra e a simplicidade. Defendeu todas as boas causas, mas a saúde e a educação foram suas principais bandeiras. Temos certeza que no coração do seu Marcelino havia uma luz diferente. Este reconhecimento expressa que vale a pena lutar por aquilo que sonhamos e acreditamos. E ele acreditava em combater os efeitos nefastos das injustiças e desigualdades sociais”, concluiu.

Agência Fiesp

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