Fenapef marca presença em debate sobre Ciclo Completo

Data: 19/07/17

A programação foi intensa no segundo dia de atividades do 11o Encontro do Forúm Brasileiro de Segurança Pública, realizado em São Paulo (SP). Durante todo o dia, diretores da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) e representantes dos sindicatos do Rio Grande do Sul e do Espírito Santo se dividiram para acompanhar as palestras. Um dos debates mais aguardados pelas lideranças foi o debate sobre "corporativismo, bipartição e ciclo completo de polícia".

A mesa foi conduzida pelo diretor-geral e delegado da Polícia Civil do Distrito Federal, Jorge Luiz Xavier, pelo coronel da Polícia Militar de São Paulo, Elias Miler, e mediação do diretor-presidente do Forúm Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima.

O coronel Miler iniciou sua apresentação citando frase do dramaturgo britânico George Shaw, "é impossível progredir sem mudança e aqueles que não mudam suas mentes não podem mudar nada". Em seguida, criticou o atual modelo de segurança pública e defendeu o ciclo completo de polícia. "O criminoso tem um ciclo completo de atuação, a polícia não tem. A segurança pública não funciona assim em nenhum lugar do mundo. Ou todos os países do mundo estão errados ou o Brasil precisa mudar urgentemente", pontuou.

Miler também destacou que as instituições mais representativas do setor - como a ANPR, o CONAMP e a própria Fenapef - defendem o ciclo completo de polícia como forma de dotar as instituições de processos mais eficientes e ampliar a taxa de elucidação de crimes que hoje varia entre 4% e 8%. Já diretor-geral da PCDF, Jorge Xavier, questionou se o ciclo completo não causaria um colapso no sistema judiciário. "Infelizmente, nossa deficiência é sistêmica", declarou.

Para o mediador e diretor-presidente do Forúm, Renato Sérgio, o debate acerca do tema é importante porque, em sua avaliação, a segurança pública "não funciona no piloto automático" e é preciso construir um modelo diferente. "Como tudo que envolve a segurança pública, o discurso do caos é consensual mas na hora de propor soluções todos discordam". Na opinião de Renato, só a implantação do novo modelo não vai resolver o problema de segurança no país. “É evidente que o 'Ciclo Incompleto' aumenta a impunidade, mas a mudança dará resultados se vier juntamente com uma supervisão, coordenação e transparência, limitando a autonomia da Polícia, como já é feito pelo Ministério Público", ponderou

Posição da Fenapef O ciclo completo de polícia também é uma bandeira defendida pela Fenapef. O diretor parlamentar Marcus Firme representou a entidade nesse painel de debates e destacou que o caminho para a modernização da segurança pública passa pelo diálogo entre todas as forças policiais. "E o ciclo completo é um debate que vem se intensificando entre os policiais, os governos e o Legislativo. É um modelo em que as polícias trabalhariam integradas, com competência de iniciar uma ocorrência e conduzi-la até o final.

Na prática, o modelo proporcionaria mais eficiência para a segurança pública porque deixaria de limitar a atuação policial. No Brasil existem policias preventivas e de investigação, mas uma polícia não participa diretamente do trabalho da outra, estando ambas desconectadas institucionalmente e operando com diferentes naturezas, o que atrasa e prejudica a elucidação de crimes no País.

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