Polícia Federal prende três pessoas na 23ª fase da Operação Lava Jato

Data: 23/02/16

A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira (22) três pessoas e tem mandados de prisão contra outras cinco. Na lista aparece o publicitário João Santana, que fez várias campanhas políticas para o PT.

O engenheiro Zwi Scornicki foi preso em um condomínio de luxo, no Rio de Janeiro. Ele é suspeito de ser um dos operadores que pagaram propina para funcionários do alto escalão da Petrobras, da Sete Brasil e do Partido dos Trabalhadores. A prisão de Scornicki é preventiva, por tempo indeterminado.

“Zwi Scornicki está envolvido na corrupção da Petrobras. Não só nós estamos dizendo que pode ser eventualmente destinado a pagamentos de serviços de caixa dois, serviços prestados para campanhas de partidos políticos, de outras pessoas, mas também estamos dizendo que há um indicativo claro de que esses valores têm origem na corrupção da própria Petrobras ”, fala o procurador do Ministério Público Federal, Carlos Fernando.


Outros sete investigados têm mandados de prisão. Um deles é João Santana, marqueteiro responsável por campanhas presidenciais do PT. Santana ainda não foi detido. Está na República Dominicana, segundo a assessoria. Também foi decretada a prisão da mulher dele, Mônica Moura. A prisão deles é temporária, tem prazo de cinco dias.

Além de Zwi Scornicki e João Santana, outro foco dessa nova fase é a Odebrecht. Novas provas do envolvimento do presidente afastado, Marcelo Odebrecht, e funcionários da construtora em outros crimes levaram a Polícia Federal a fazer buscas nesta segunda-feira (22) em três sedes da empresa. Marcelo Odebrecht está preso em Curitiba há oito meses.


“Ficaram demonstrados indícios de que a empresa Odebrecht também possui envolvimento em pagamento de propina no exterior”, fala Carlos Fernando.

A nova fase da operação é chamada de Acarajé, termo usado por alguns investigados para se referir a propina paga em dinheiro vivo. Policiais federais continuam nas ruas cumprindo mandados judiciais em São Paulo, Rio de Janeiro e na Bahia, e já apreenderam obras de arte, lanchas, carros, dinheiro e documentos que a força-tarefa considera muito relevantes.

A Odebrecht afirmou que está à disposição das autoridades para colaborar com a operação em andamento. A defesa de Zwi Skornicki considerou a prisão desnecessária já que desde a 9ª fase da Lava Jato, em fevereiro do ano passado, o cliente sempre esteve à disposição das autoridades. O Jornal Hoje tentou contato com o Partido dos Trabalhadores, mas não teve resposta.


João Santana

João Santana e a mulher dele e sócia, Mônica Moura, estão trabalhando numa campanha política na República Dominicana. O advogado deles Fábio Toufic, mandou um documento para a Justiça Federal de Curitiba informando que o casal volta ao Brasil nas próximas horas, e vai se apresentar às autoridades legais.

João Santana, marqueteiro de campanhas do Partido dos Trabalhadores, e a mulher dele, Mônica Moura são sócios da Polis, uma empresa de marketing político. A Lava Jato está providenciando os trâmites internacionais para que a prisão possa ser cumprida.


Joao Santana é jornalista, mas se destacou como marqueteiro. Ajudou a eleger sete presidentes desde 2006.  Entre eles, o ex-presidente Lula, em 2006; Maurício Funes, em El Salvador, em 2009; Danilo Medina, na República Dominicana, em 2012. No mesmo ano, José Eduardo dos Santos, em Angola; Hugo Chávez na Venezuela, também e 2012 e a presidente Dilma Rousseff, em 2010 e 2014.

Além de mentor das campanhas eleitorais, João Santana tem espaço e prestígio no governo. Já foi considerado um dos mais próximos conselheiros da presidente Dilma Rousseff. Nos bastidores, é conhecido como ministro da Propaganda.

A Lava Jato rastreou supostos pagamentos ilegais no exterior para uma conta secreta de João Santana. A suspeita é que essa conta era usada para pagar serviços eleitorais para o Partido dos Trabalhadores com dinheiro vindo da Odebrecht e do operador Zwi Scornicki. A Lava Jato não está investigando as campanhas e, sim, as transações financeiras com indícios de lavagem de dinheiro.

A operação investiga a remessa de mais de US$ 7 milhões para o exterior. A Polícia Federal afirma que descobriu uma planilha com registros de despesas de campanhas eleitorais de 2008 e 2012, ligadas ao PT. O documento traz a sigla MO, que, segundo a polícia, seria uma referência a Marcelo Odebrecht.

Também está sendo investigada a compra de um apartamento, por João Santana, em São Paulo, no valor de R$ 3 milhões.
“A gente pediu o sequestro desse imóvel hoje.  Porque têm todos os indícios de que eles tenham sido adquirido com recursos espúrios. Traduzindo em ato de lavagem”, fala o delegado Filipe Pace.

 

OUTRAS NOTÍCIAS

Levantamento alerta para direitos do servidor público estudante

1ª Turma mantém júri do caso Villela

Agente da PF ganha direito de remoção após ser vítima de assédio

Texto da reforma da Previdência é aprovado na CCJ