Traficantes brasileiros saem do país para atuar nas Farc, diz Polícia Federal.

Data: 08/06/15

Traficantes brasileiros estão deixando de atuar no Brasil para lucrar com o transporte de cocaína das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) para o México, apontam investigações da Polícia Federal.

Investigações descobriram o trajeto de aeronaves que partem do Brasil, são abastecidas com a droga na Venezuela, na fronteira com a Colômbia, e seguem para Honduras.

De lá, a cocaína vai de barco ao México, onde é pulverizada para entrar nos EUA. Os compradores são do cartel mexicano Los Zetas, com quem os brasileiros negociavam.

O esquema está descrito em relatório enviado à Justiça pelo delegado Rodrigo Levin, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Superintendência PF em São Paulo.

Segundo as apurações, os traficantes pagavam propinas de até US$ 360 mil a integrantes das Forças Armadas da Venezuela e de Honduras para cruzar o espaço aéreo desses países sem serem abatidos.

Após a entrega em Honduras, as aeronaves –compradas por cerca de US$ 1 milhão cada nos EUA– eram queimadas pelos pilotos, geralmente brasileiros, que voltavam ao Brasil em voos comerciais.

O caso foi noticiado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.

Dois suspeitos de integrar uma quadrilha que explorava a rota estão presos desde 2014, entre eles Paulo Jones Flores, principal investigado.

Outros suspeitos, como os empresários Ronald Roland e Manoel Gonsalez, respondem em liberdade. Segundo a PF, os dois trabalhavam para Flores. Em 2013, porém, houve um racha, e eles passaram a enviar seus próprios aviões.

Para a PF, outros grupos estão usando a rota, em voos praticamente diários. Em 2013, a apreensão de helicóptero do senador Zezé Perrella (PDT) no Espírito Santo, carregado com cocaína, fazia parte das apurações. A PF descartou a participação do senador e responsabilizou o piloto.

A Folha não localizou os advogados dos suspeitos nem conseguiu contato com autoridades da Venezuela e da Colômbia para comentar a suspeita de pagamento de propina a oficiais desses países.

OUTRAS NOTÍCIAS

Levantamento alerta para direitos do servidor público estudante

1ª Turma mantém júri do caso Villela

Agente da PF ganha direito de remoção após ser vítima de assédio

Texto da reforma da Previdência é aprovado na CCJ